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terça-feira, 17 de março de 2009

Arroio Dilúvio: a morfologia de uma bacia

A sub-bacia do Arroio Dilúvio é a mais importante de Porto Alegre. Através dela escoam as águas de uma área com 83,74km2 densamente habitada: 446 mil habitantes, representando cerca de um terço da população total. O curso principal, o Arroio Dilúvio, tem uma extensão de 17.605 m e importantes afluentes, como os arroios Mato Grosso, Moinho, Cascata e Águas Mortas. Ao longo da história da ocupação urbana, a sub-bacia foi intensamente modificada. O Arroio Dilúvio foi canalizado e teve seu curso natural retificado. Alguns afluentes desapareceram sob a cidade e seus canais passaram a integrar o sistema de esgotamento pluvial. As edificações produziram diferentes índices de impermeabilização da superfície, mudando o escoamento e a infiltração natural das águas da chuva. Na porção mediana e na foz, por exemplo, cerca de 52% da área é impermeabilizada, enquanto que a montante, na região do Parque Saint-Hilaire, os índices ficam abaixo de 1%. O Arroio Dilúvio recebe anualmente cerca de 50.000 m3 de detritos, produtos da erosão natural e da provocada pelo desmatamento das encostas dos morros, além de entulho e lixo.

A reconstrução da morfologia natural

A morfologia da sub-bacia, com os canais naturais do Dilúvio e seus afluentes, foi reconstituída (no Atlas) no bloco-diagrama acima utilizando-se cartas topográficas do final do século XIX e início do século XX.

“A ilustração mostra o canal meandrante do Arroio Dilúvio drenando um vale de fundo chato que se abre entre a Crista de Porto Alegre e a Crista da Matriz em direção ao Lago Guaíba. (...)”. (Atlas ambiental de Porto Alegre, pg. 39)

Os três estágios morfológicos do arroio

O Arroio Dilúvio possui três estágios morfológicos desde a região de nascentes nas colinas no limite com o município de Viamão, até desembocar no lago. No segmento das cabeceiras e nas vertentes que delimitam a sub-bacia, os afluentes ainda possuem canais pouco sinuosos, leitos pedregosos e algumas quedas d’água que ajudam a erodir os terrenos altos. Nesses terrenos, as nascentes podem ser de dois tipos: (a) talvegues em anfiteatro ou (b) olhos d’água. As primeiras localizam-se nas encostas com campos onde pequenos canais dispostos em leque convergem no sentido do jusante. Os canais podem ser intermitentes e drenam a água da chuva para um canal maior, geralmente com mata ciliar mais desenvolvida. Essa área tem a forma de anfiteatro, a exemplo do que ocorre no Morro Santana, as nascentes podem surgir como olho d’água onde o lençol freático aflora na superfície. A água escoa por pequenos cursos que avançam dentro da mata, formando, às vezes, cascatas. O trecho intermediário, situado no vale principal, inicia-se no Bairro Agronomia, onde a estreita planície fluvial, com cerca de 500 metros de largura, estende-se até o Morro Santo Antônio. Nesse intervalo, são drenadas as águas da maior parte dos afluentes do Arroio Dilúvio. No segmento final, o curso apresentava-se, antes da retificação, sob forma meandrante e percorria uma planície fluvial com 2,5km de largura, entre as encostas da Crista de Porto Alegre e da Crista da Matriz. Essa planície fluvial era constantemente inundada na época das cheias, quando o volume de água ultrapassava a capacidade de transporte do canal. Por essa razão, originalmente, a planície fluvial do Arroio Dilúvio era formada por banhados que se estendiam desde a área ocupada hoje pelo Bairro Menino Deus até o Parque Farroupilha. A foz do arroio na enseada da Praia de Belas era marcada por bancos de areia que se formavam paralelos à margem. Esses bancos eram constantemente retrabalhados pelo fluxo do canal ou pela subida do nível do lago ocasionada pelo vento ou por inundações periódicas. (pg.40)

Fonte: Atlas ambiental de Porto Alegre. Rualdo Menegat (Coord.). Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1998. Pg. 39 e 40

Um comentário:

Anônimo disse...

Se o Guaíba é um lago, o Dilúvio é um canal!

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