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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

As paragens do Riacho

Vamos, agora, retomar a história das paragens do Riacho. O prolongamento da “Praia do Arsenal” (atual Gen. Salustiano) na direção do sul, era constituído pela “Praia do Riacho”. O “Riacho” era a denominação dada ao “Arroio Dilúvio”, que desde menino aprendi a conhecer, pois, um dos seus braços atravessava a antiga “rua Larga”, hoje Santa Cecília. Pois o “Riacho” ia desembocar no Guaíba naquelas alturas. Outrora o local era bastante aprazível. Ao cair da tarde, grupos de moças e rapazes desciam a “Lomba do Liceu” (Mal. Floriano) e se dirigiam para as margens do Riacho. Diz Aquiles Porto Alegre, que nas margens havia mato espesso, que dava ao local um ar de roça. As águas do Riacho eram límpidas, cristalinas e não apresentavam os detritos e sujeiras, que as poluiriam mais tarde, já que suas margens eram praticamente despovoadas e ninguém jogava imundície em suas águas. Já na época de Aquiles, o lugar apresentava um aspecto desolador. Desaparecera o chafariz sito no fim de uma alameda de árvores (...) O Riacho estava abandonado, o mesmo sucedendo as suas margens. O leito se encontrava quase todo tomado de aguapés e plantas. O matagal parecia quere sufocar as margens. O aspecto era desolador.(...)

Na primeira administração do Prefeito José Loureiro da Silva, o Riacho foi atulhado e saneado, desaparecendo aquele repositório de imundícies, inclusive o antigo casario, que o ladeava na “Rua da Margem”. Hoje, um corredor estreito, “ terra de ninguém”, atrás do Pão dos Pobres, lembra seu leito, corredor que desemboca diante de um edifício da Rua da República que, no outro lado, foi construído sobre o leito do Dilúvio. Tenho um colega municipário, o Quintino Rosito, cuja cama repousa sobre o dito leito, pois habita um apartamento térreo no citado edifício, donde se conclui, que ele dorme em leito duplo...

Desaparecendo o Diluvio, também sumiu um dos ângulos preferidos pelos pintores, que retrataram a cidade antiga, inclusive o grande pintor argentino Ceferino Carnaccini, que fixou em suas telas o velho casario e a ponte, telas que possuímos em nossa pinacoteca.

Fonte: Porto Alegre, Edições Renascença, 1980.

Título do documento: Breviário Historico sentimental da Vila de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre

Autor: Leandro Silva Telles

Data: Década de 20 e 30 do séc.XX


Feira na margem do Riacho próximo a Ponte de Pedra

Fonte: Museu Joaquim José Felizardo

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