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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Revalorização do infecto e imundo vale do Sabão

Aquele velho, imundo, turvo e barrento Arroio do Sabão, cheio de curvas e meandros, com salgueiros e arbustos, sem limites e composturas, foi domado e ora apresenta-se para disputar, muito breve, um dos mais belos espetáculos da engenharia fluvial do nosso tempo. Mal suspeita-se o que será, daqui a alguns anos, a urbanização ao longo dessa maravilhosa canalização do perdulário arroio. [...]

Olho, assim, para o Arroio Sabão, tendo em conta o que era, como está se modificando e o que será, em sanidade, beleza e arquitetura, para esta nossa encantadora cidade. [...]

Naquele tempo, ele, malgrado o grande número de voltas, vinha, de modo geral, na direção leste-oeste, cruzava a ponte da Azenha, fazia um enorme saco aí pelas proximidades da rua Arlindo – era a famigerada Ilhota -, acercava-se da praça Garibaldi e, de lá, depois de passar pelos arcos da ponte do Menino Deus, seguia em sentido noroeste, mais ou menos paralelo à rua da Margem, tomando aí o nome pitoresco de Riachinho até chegar na famosa e poética Ponte de Pedra, que, em tempos mais remotos ainda, era o coração dum bosque que muita recordação dava aos nossos avós...

Agora, está imprensado entre muros de pedra, perdeu o encantado Riachinho, mas em compensação cruza o novo bairro de Praia de Belas, e será domado por outra nova e arquitetônica ponte de cimento, antes de despejar as suas águas em pleno estuário do Guaíba.

Constata-se ao longo das futuras avenidas deste Riacho, em nossos dias, um mundo polimorfo de casebres e malocas. Habitações rústicas e precárias que bordam quilômetros e quilômetros do moderno Arroio Dilúvio. Aguarda-se, pois, novo saneamento!

É assim que o outrora infecto e imundo Vale do Sabão hoje é zona valorizadíssima da nossa cidade, e que, mais rápido que se pensa, será indiscutivelmente um dos seus pontos de atração pela proximidade com o centro, pela beleza e pelo encanto.


Fonte: Porto Alegre. Editora Movimento/Instituto Estadual do Livro, pp.85-88

Título do documento: Crônicas da Minha Cidade. Volume 2.

Autor: Ary da Veiga Sanhudo

Data: 1975


Visita do governador Walter Jobim às obras de desvio e canalização do Arroio Dilúvio

Fonte: Museu de Comunicação Hipólito da Costa

Data:27/05/1950

Visita do Ministro Souza Lima às obras de desvio e canalização do Arroio Dilúvio

Fonte: Museu de Comunicação Hipólito da Costa

Data: 18/09/1951


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