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domingo, 8 de fevereiro de 2009

A areia do arroio: o encontro do esgoto e do lixo

Como limpar uma coisa sem sujar outra?

A pergunta, de nosso engenheiro sanitarista Paulo Paim, integrante da nossa equipe, é pertinente. Uma ação fundamental para melhorar a qualidade das águas do Arroio Dilúvio, é a retirada de areia e lixo, através da dragagem. Mas o que é feito desse material? A “areia limpa” (com menor quantidade de lixo e matéria em decomposição) retirada do arroio pode ser usada na construção civil, como matéria prima, em aterros e outras atividades. Mas a grande maioria do material retirado pela dragagem não é apenas areia e lixo, é também contaminado por matéria em decomposição. A “areia suja” é então levada para um aterro sanitário na Zona Sul de Porto Alegre. Esse material passa a integrar as toneladas de lixo que a cidade destina a aterros sanitários.


Em 30 de Janeiro de 2008, O Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) contabilizava o trabalho de 15 meses de dragagem, foram 60 mil toneladas de material retiradas do Arroio Dilúvio, em seis quilômetros de extensão. Em 2007, foram retirados cerca de 36 milhões de quilos de areia e lixo. O custo da dragagem do arroio é de 1,5 milhão por ano.

O DEP informa no seu site:


“As dragas são cedidas pelo governo do Estado ao município. A prefeitura investe R$ 1,4 milhão no contrato de operação, manutenção e transporte de material. Quando a draga retira o assoreamento do leito do arroio, este material fica depositado na sua margem para secagem, durante duas semanas, e posterior remoção e transporte. Os resíduos retirados (areia, lixo, animais, pneus, móveis e utensílios domésticos) são levados para o depósito de inertes do Departanento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) na Avenida Serraria. A dragagem de arroios é essencial para combater os alagamentos na cidade, facilitando o fluxo das águas em direção ao Guaíba.”

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/cs/default.php?reg=85497&p_secao=3&di=2008-01-30


Enquanto boa parte do resíduo sólido domiciliar da Cidade é destinado a um aterro localizado no município de Minas do Leão (distante 113Km de Porto Alegre), os resíduos do Arroio Dilúvio são encaminhados ao aterro da Serraria, como “resíduo especial”. O outro aterro da Zona Sul da Cidade, o Aterro Sanitário da Extrema, no Bairro Lami, já esgotou sua capacidade em 2002. Criado em 1997, o aterro da Extrema passou a receber os resíduos que até então eram levados para o Aterro da Zona Norte, próximo ao município de Gravataí, aterro que teve sua capacidade esgotada em 1998.

O arroio, que atua na drenagem natural das águas da chuva, leva consigo dois dos grandes desafios ambientais dos centros urbanos: a destinação dos resíduos sólidos (lixo) e dos resíduos líquidos (esgoto doméstico). A expressão que escutamos durante a pesquisa com a população, sobre a cidade que “joga lixo no arroio”, não se resume aos infelizes que concretamente atiram sacos de lixo nas águas, pneus, objetos descartados. A maioria do lixo encontrado nas águas e areias do arroio vem das calçadas das ruas adjacentes, levado pela água da chuva pelos bueiros ou pelas calçadas, para dentro do arroio. Historicamente, os arroios foram incorporados na lógica do ex-goto, da “cloaca máxima”, invenção romana que levava para fora da cidade as águas imundas, e do aqueduto, que buscava ao longe as águas puras para a cidade. Perceber o arroio, e as ruas da cidade, em meio ao paradigma do “ciclo das águas”, significa entender que tudo aquilo que o arroio leva embora, retorna para a cidade. “Limpar” o arroio comporta o desafio de dar um novo destino aos resíduos da cidade, uma transformação no tratamento do esgoto doméstico e na coleta e destinação dos resíduos sólidos.


Como limpar uma coisa sem sujar outra?


Deixe um comentário, ou mande um email para habitantesdoarroio@gmail.com


3 comentários:

Instituto Anthropos disse...

Interessante as informações sobre a poluição no arroio, importante divulgarmos este trabalho

Ana Paula disse...

Refletindo sobre a questão colocada de como limpar uma coisa sem sujar outra, podemos pensar: para onde vão os resíduos que não são retirados pela dragagem e "carregados" pelas águas do Arroio?

curtidas no facebook disse...

excelente post !!

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